Filmagem do documentário dos Katukinas, produzido por Nicole Algranti, no qual fiz a produção local. O filme foi muito interessante sobretudo por trabalhar com capacitação em audiovisual na aldeia. A equipe ficou em terras katukinas, no município de Cruzeiro do Sul/AC por volta de 15 dias. A experiência foi maravilhosa. Estar em terra indígena é sempre um presente, uma oportunidade para aprender muito.
Quando chegamos, qual não foi nossa surpresa a nos depararmos com uma aldeia cenografica construída pelos próprios indígenas. Queriam filmar como viviam antes do contato e, principalmente, antes da Br 364 que corta suas terras. Mudaram se para lá e viveram naquele set durante toda a filmagem. Naqueles 15 dias que passaram ali ficaram muito emocionados, pois, de certa maneira, viveram nos tapiris como os seus antepassados. Os mais velhos, como o saudoso curandeiro sr. Assis, buscou ensinar como se vivia antes, lembraram de histórias e músicas esquecidas, a força da tradição pulsou em seus corações.
Vivemos momentos muito fortes , a cerimônia do huni ( ayahuasca) foi incrível. De um lado equipamentos para gravação do CD e DVD , do outro, pajés antigos entoando seus cantos de cura. Também bebi uns dois copos do chá sagrado e quando me dei conta a miração chegou com toda sua força. Pela primeira vez a força das visões era tão fortes que não precisava nem fechar os olhos. Os pajés cantavam todos de uma só vez, cada um a sua canção de cura. Aquelas músicas ancestrais me levaram para longe, outras épocas, outros mundos. A aldeia foi ficando pequena, assim como a floresta que nos cercava. De repente, eu era infinito.
No fim da noite, quase amanhecendo, um pajé dos Katukinas do sete estrelas , fazia sua pajelança em minha cabeça e vimos o sol nascer, com sua luz de renovação.
terça-feira, 18 de março de 2008
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