domingo, 16 de março de 2008

a Borboleta

Quando morre o sonho resta a dor seca de uma porrada no estômago
Nem disse tchau e se foi assim como quem parte pra Tocantins
Tomei um pouco do resto de cerveja da geladeira
E sei lá porque tive vontade de ouvir The doors

These the end, my only friend, the end

Peguei a moto e preferi seguir a vida
E preferi parar na ponte sobre o igarapé
E preferi me jogar sobre o caminhão que vinha contra mim

Desviei

Já que a vida continua

Desviei

Talvez uma menina linda com quem possa ter um filho
Chegar em casa tarde e comer bolo de cenoura
E dormir com cafuné na cabeça

Deliciosas ilusões de felicidade ocupando minha mente
Enquanto sufoco a dor da partida
Hesito em olhar pro celular e ligar e ver mensagens de amor e ver fotos

Que se foda o celular

Ligo a moto em direção a qualquer lugar
Preciso trepar, preciso esquecer, preciso...

Bate uma brisa suave e garotos tomam banho de rio

O motor
O insuportável barulho do motor ligado

Uma borboleta brinca e suga a umidade de um monte de merda de boi
Acompanho a borboleta com o olhar e de repente me dou conta

Borboletas já foram lagartas
Merda de boi já foi pasto

Finalmente, acelero e sumo pela estrada de terra

Deixando para trás rio,
Borboleta , garotos e merda de boi

Drivers on the storm...

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