segunda-feira, 30 de junho de 2008

um dia cinza

Agitação de pensamentos
sensações indecifráveis
esperança dissolvida na bilis
de um estômago revolto

Respiração ofegante
sangue cheio de cafeína
cigarro verde para relaxar
embaralhar todos os pensamentos

A química que a mente produz
despejada na circulação
o corpo tenso afogado
que precisa respirar

a paz de dentro
tranquuiliza o tumulto de fora
respiro no profundo silêncio
do bafo infinito de BRAMA

quinta-feira, 19 de junho de 2008


"UM COPO COM ÁGUA ESTÁ METADE CHEIO

OU METADE VAZIO ?"

(Koan Zen)

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Festcine Amazônia abre inscrições para 2008

Estão abertas de 02 de maio a 29 de agosto de 2008 as inscrições para o Festcine Amazônia – Festival de Cinema e Vídeo Ambiental cujo tema deste ano é “Não – A Natureza não pode sair de cena”. O Festival que já é um referencial sobre temática ambiental na região amazônica, realiza sua sexta edição que acontece em Porto Velho, Rondônia no período de 10 a 15 de novembro de 2008.
As inscrições poderão ser feitas através de preenchimento de formulário próprio a disposição dos interessados no site www.festcineamazonia.com.br O material, preferencialmente - Fita Mini DV/NTSC, DVD ou VHS/NTSC do filme/vídeo, deverá ser enviado para o endereço Festcine Amazônia Rua: Paraguai, 320, Morada do Sol 2, Bairro Embratel - CEP: 78900-970 Porto Velho – RO – Brasil (e-mail: fest_cine@hotmail.com e contato@festcineamazonia.com.br).
O Festcine Amazônia a finalidade de divulgar e exibir obras audiovisuais, curta e média metragens, de ficção, documentários, animações e experimentais, com temática ambiental, produzidas em qualquer parte do mundo, desde que legendadas ou faladas na Língua Portuguesa. Cada participante poderá inscrever mais de um filme/vídeo realizado a partir de 2000.
De acordo com a comissão de organização apesar de colocar em evidência o tema ambiental e de fomentar a discussão e reflexão sobre as causas ambientais, o festival é aberto para a inscrição de todo e qualquer gênero de produção e que estão aptos a se inscreverem os filmes (35 ou 16 mm), vídeos produzidos em qualquer formato, com duração máxima de 26 minutos. Obras com tempo superior a 26 minutos, poderão ser inscritas e exibidas nas mostras itinerantes dos bairros e cidades, fora de competição.
A premiação está dividida nas categorias: Melhor filme e vídeo que concorrem igualmente ao Troféu Mapinguari e uma câmera de vídeo digital. Prêmio Danna Merril para Melhor Documentário; Prêmio Major Reis para Melhor Animação; Prêmio Vitor Hugo para Melhor Ficção; Prêmio Manoel Rodrigues Ferreira para Melhor Experimental.
A Mostra premia também o Melhor Roteiro (Prêmio Chico Mendes); Melhor Montagem (Prêmio Marina Silva); Trilha sonora (Prêmio Povos Indígenas de Rondônia), fotografia (Prêmio Silvino Santos) e ainda Prêmio Capô (Maurice Capovilla): Linguagem; Prêmio Melhor Direção; Prêmio Melhor Ator; Prêmio Melhor Atriz; Júri Popular; Prêmio Thiago de Mello – Troféu Esperança; Prêmio ABD-RO/Lídio Sohn para Melhor Documentário. Incluindo premiação para a melhor produção rondoniense (Melhor Diretor; Melhor Roteiro; Melhor Montagem; Melhor Trilha Sonora Original).
As reportagens com temática ambiental também estarão concorrendo à premiação, divididas em melhor vídeo reportagem ambiental, melhor reportagem ambiental rondoniense e melhor reportagem ambiental nacional. Segundo os organizadores esta categoria foi criada especialmente por indicação do júri de seleção de 2004, tendo em vista o grande número de trabalhos inscritos por profissionais que trabalham em TV.
Assessoria de Imprensa Festcine Amazônia

segunda-feira, 16 de junho de 2008

para F...K

Hey, menino, quero lhe dizer que a vida, apesar de dura, vale a pena ser vivida com plenitude.
Olhe o sol, perceba as possibilidades. É a hora de acordar. Abrir as cortinas da alma, desvelar se. O mundo, com todas os seus paradoxos, te espera. Teus amigos também aguardam o seu sorriso, que anda tão longe...sumido
Ah! menino, tem de aprender de novo a dançar, a assistir um bom filme, a ficar quieto
só curtindo o sol. Aprender a respirar, lenta e profundamente
Agora é hora de viver. Os porões da mente já não suportam mais a pressão da vida querendo manifestar se. A angústia deve dissolver se no lirismo e os sonhos não podem ser mais reflexos de seu feitor.
Deve sonhar com aguias e condores, ate mesmo com beija flores, não mais com algemas.
Ah menino, sua trajetoria de Sisifo pelas ruas soturnas...passos pesados e tristes enquanto carrega no peito o milagre da vida...
por que choras?
por que nao fala de coisas bonitas?
quando se perdeu de si mesmo ?
continua, anda, desespera-te
Menino de coracao criança, assustado com o próprio monstro que alimentas noites sem fim.Um dia, menino, se não te deres contas do sol, ele vai acabar devorando te...
Quero falar lhe dos filmes e livros que tanto me inspiram. De Budha e dos meus infindáveis projetos. Quero ouvir contigo aquela boa musica cubana que se amarra. Quero os bons e, somente, os bons momentos. De maus, nossas vidas ja estão sufocadas.
Quero te levar para conhecer o oceano, ao invés de te ver sempre se afogando em ondas enormes, na arrebentação. Um barco de bandeira branca içada, livre ao vento, no mais profundo azul. Neste barco, menino, a noite escura se dissolverá no azul e voce, pela primeira vez, vai abrir os olhos. Tão profundo e infinito oceano azul.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Entre tangos, bonecos e cultura !!!


Fica aqui registrado os meus parabéns a equipe da Usina de Arte e Teatrão. O povo precisa mesmo de cultura, de qualidade e bom preco.

O grupo Giramundo foi incrivel, me emocionei vendo os mitos africanos sendo mostrados de forma tão lúdicas, a história de Pinocchio com uma montagem tão sensível e a lenda de Cobra Norato toda modernista. Teatro do bom !!! Oportunidade rara podermos assistir os melhores espetáculos do Giramundo durante este mes.

Foi de arrepiar ver o Teatrão meia noite lotado na apresentacão de Entre Tangos e Tragédias. O espetáculo foi delicioso, embalou toda a galera !!!

Espero que continuemos assim, Rio Branco mostrou que tem um publico fiel de Teatro e que a tendencia é só aumentar quantitativa e qualitativamente. Finais de semanas mais inteligentes e culturais...


Só posso desejar MERDA a todos...

segunda-feira, 2 de junho de 2008

O PROFETA DA GENTILEZA


A primeira vez que eu ouvi falar sobre o Profeta tinha 5 anos. Início da década de 80, época de Roque Santeiro e desbunde, apesar de só desbundar anos mais tarde.
Valparaíso, minha cidade natal, no interior de São Paulo, é dividida pela linha do trem. Naquela época eu morava do lado de baixo dos trilhos e minha vó, no lado de cima. Alguns quarteirões nos separavam, nunca tinha ido sozinho para a casa dela. Mas naquele dia, cheio de coragem resolvi ir.
O jardim municipal, naquela época ainda com árvores frondosas, mundo vasto e misterioso, ficava logo depois da linha férrea. Foi ali, naquele lugar cheio de árvores antigas e aposentados, que vi pela primeira e última vez o Profeta.
A visão daquele homem me apavorou, cabelos brancos e longos, assim como a barba. Flores numa mão e na outra um estandarte. Discursava para alguns desocupados e aposentados. Queria correr, mas o medo veio acompanhado de curiosidade e fascínio. Na minha mente infantil só pensava em um personagem que marcou a minha infância, o Beato Salú.
Ainda não podia imaginar que aquele velho senhor trazia consigo uma mensagem tão urgente para o nosso mundo, GENTILEZA GERA GENTILEZA. Tratava se de José Datrino, o profeta Gentileza.
Ele tinha família em Valparaíso e muitas vezes, deixava o Rio de Janeiro para espalhar sua mensagem tão necessária.
Cheguei surpreso na casa de minha vó, ela estava aflita, minha mãe já tinha ligado mil vezes para saber de mim. Mas, mais aflito estava eu que quase atropelei as palavras para dizer que tinha visto o Beato Salu no jardim de Valparaíso.
A segunda vez que o Profeta Cruzou a minha vida foi através de uma linda menina , de olhos tão azuis quanto os dele. Era Luciana, sua sobrinha, por quem me apaixonei perdidamente. Luciana, a que fugia pela janela para ir nos bailes do falecido Valparaíso clube. Tinha alguma coisa de loucura, alguma coisa de inocência. Com ela, aprendi um pouco mais sobre o seu tio, figura fantástica... Gentileza sempre permeou minha vida, quando cheguei no Rio de Janeiro para fazer faculdade fiz questão de ir conhecer seus escritos no viaduto do Caju. Um livro ao céu aberto.
As expressões que ele utiliza são muito interessantes, critica o capetalismo, criou um código próprio de escrita numa grafia ímpar. Além de mensagens ecológicas, clamando um mundo mais ético.
José Datrino iniciou sua jornada espiritual após o drástico incêndio de um circo em Niterói. A tragédia o tirou de sua vida ordinária, como dono de uma frota de caminhões e o trouxe para um mundo novo, morria ali José Datrino e nascia o Profeta Gentileza.
Após o episódio no circo, comprou vários tonéis de vinho bom e distribui aos seus empregados, quando as pessoas iriam agradecer ele dizia Não digam obrigado, ninguém é obrigado a nada, digam estou agradecido.
Dias depois mudou se para o terreno aonde o circo se incendiou , derrubou uma cruz que haviam colocado lá em homenagem aos mortos e substituiu por um jardim de flores. Os parentes das vítimas iam ao seu encontro para serem confortados. Nascia aí sua compreensão sobre a importância da Gentileza que gera Gentileza.

A partir de então, dedicou sua vida a espalhar suas máximas, também ficava muito bravo com as mocinhas de saias curtas. Achava um desrespeito...Gentilileza foi um personagem muito popular nas barcas entre o Rio de Janeiro e Niterói. Fazia o percurso várias vezes no dia, espalhando suas palavras. Criando amigos, se popularizando.

Houve um homem enviado por Deus. Seu nome era José Datrino, revelado depois como Profeta Gentileza. O incêndio de um circo com centenas de vítimas foi a oportunidade para que irrompesse seu carisma profético.---Largou tudo e começou a consolar as vítimas. Ofereceu o vinho da alegria a todos que podia. Construiu um jardim no lugar do circo. Circulou pelo Brasil para depois fixar-se definitivamente no Rio."
Leonardo Boff

Após sua morte, seu livro aberto nos pilares do viaduto do caju foi coberto de cinza. A falta de sensibilidade política, mandou apagar tudo com cal. O que sensibilizou Mariza Montes a criar uma linda canção de protesto e homenagem, ao Profeta

Apagaram tudo
Pintaram tudo de cinza
Só ficou no muro
Tristeza e tinta fresca

Para os que passam apressados
Pelas ruas da cidade
Merecem ouvir as palavras de Gentileza

Por sorte, o filósofo e professor da Universidade Federal Fluminense, Leonardo Guelman, realizou um projeto para recuperar e restaurar o livro urbano do Profeta, hoje é possível conhecer seus escritos no Viaduto do Caju, próximo a rodoviária Novo Rio.

Os escritos do Caju representam a obstinação e o desejo de um Profeta em fazer perenizar o seu verbo. A solução, por ele encontrada, mostra a agudeza de seu senso estético. Pilastras de sustentação de um viaduto, aparecem-lhe como tábuas de ensinamentos na cidade. Esta apropriação da paisagem, levada adiante nos seus escritos, marca, profundamente, uma mudança na apreensão da imagem daquele local. A partir de sua intervenção, seu Livro Urbano torna-se a própria referência daquele território da cidade.
Leonardo Guelman

Gentileza andava com uma longa bata branca, flores nas mãos e um catavento, que dizia ser para esfriar a cabecinha da humanidade. No seu mundo simbólico e lúdico, deixou uma mensagem para refletirmos com muita seriedade

A Gentileza


Hoje em dia Gentileza atravessa a minha vida através de seu significado enquanto mito e símbolo, através de sua mensagem.
No atropelo do dia a dia, pessoas, atitudes e palavras gentis, relacionamentos gentis, negócios gentis, são raros.
A pressa deste mundo de controle remotos, de desconfiança, desta matrix virtual em que vivemos , as relações humanas cada vez mais sem contato , sem calor, nos leva a uma existência neurótica e sufocante.
A gentileza essencial nos torna sempre melhor, mais amigos, mais irmãos, mais solidários, mais vizinhos. A idéia da Gentileza pode expandir se ao meio ambiente, a mãe terra. Devemos ser gentis com a natureza para garantirmos a sobrevivência de nossa espécie. Por um mundo mais saudável e humano.