segunda-feira, 27 de outubro de 2008

A correria


* I Jogos Indigenas, Mâncio Lima, Juruá - AC ; aldeia Poyanawa
* foto de Talita Oliveira

A mulher e sua câmera.


As imagens dos Jogos Indigenas ficaram por conta da lente sensível da jovem fotógrafa Talita Oliveira.Suas imagens que divulgo aqui dizem muito mais que qualquer texto sobre o que foi este encontro. Talita está em todas, uma vez me disseram : se tem um movimento social, uma manifestação lá está Talita.
O olhar certo no momento certo, na agilidade de seus passos e na sensibilidade de seu clicar. Talita ainda promete muito no mundo da fotografia. Talita , mulher e sua câmera.


Arco e Flecha


Competição de arco e flecha nos I JOGOS INDIGENAS em Mâncio Lima , Aldeia Poyanawa.

* foto de Talita Oliveira

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domingo, 26 de outubro de 2008

Filmando nos poyanawas

Eu, Sr. Antônio Pyanko e Benki nos Jogos de Celebração Indigena e V Encontro de Cultura Indigena em Mancio Lima, Jurua, Acre. Dias de muita inspiração. Dias txais.

Foto de Talita Oliveira

sábado, 25 de outubro de 2008

filomedusa

_ já te vi passando por aqui
_ impossível, é a primeira vez que venho ao Acre
_ Talvez em Goiânia ou Brasilia
_ Talvez no Rio
_ No Rio não. Só conheço Goiânia e Brasilia.

_ por que veio de tão longe ?
_ também queria saber
_ nunca vi o mar...é bonito ?
_ o que ?
_ o mar...

_ quer mais uma bebida?
_ acho que ja bebi demais
_ o mar é azul ou verde ?
_ depende
_ de que ?
_ de você

_ sabe , ñão gosto daqui, todo fim de semana a mesma coisa
_ quero
_ o que vc quer ?
_ Mais uma bebida

_ eu sou de escorpião
_ é bonito ?
_ o mar ?
_ não...você

_ Sabe, tenho vontade de sair viajando por ai, tipo hippie
_ hippies não existem mais
_ sei lá, mochila nas costas
_ o acre é tão estranho
_ varios baseados, rs
_ já foi um país
_ adoro estrada, aquela sensação de liberdade
_ me sinto livre aqui , talvez o chá
_ sabe que estamos do lado do peru e da bolivia ?
_ quem esta tocando ?
_ o que ?
_ esta música ?
_ ah !!! uma banda nova, nunca lembro o nome deles, gosta ?
_ não sei...quero dançar
_ ah !!! um nome estranho
_ o acre é estranho
_ nome de um sapo
_ sapo ? rs
_ a banda tem o nome de um sapo
_ dança comigo ?


"Logo o endereço da mudança é mais que certo
É quase perto da ignorância
Um lindo descaminho
Muito mais sincero'
*

_ Agora quero o mais profundo silêncio
_ silêncio ?
_ sei lá, estamos na floresta né ?
_ a floresta acabou, estamos em Rio Branco

"I've left my wayTrough the loneliness. I've looked at your pay . Waiting for something more. We're in the same dayIn a real big mistake. Trying to see again .The way to freedom" *


_ Sabe qual é a porra toda que me deixa confuso e me dá vontade de te beijar, você com estes olhos de oceano embriagado, verdes azuis ou sei lá que cor, cheio destes mil sonhos dos vinte e poucos anos e eu eu aqui nesta imensa floresta deserta de meu coração, deixando pra trás toda uma escolha antiga, toda uma vida. Vindo fugindo sabe lá deus de que pra estas matas estranhas, só querendo colo esta noite e esta música que me deixa mais bêbado ainda , tenho quase trinta, criança e quero te colocar entre meus braços, interrompendo o dialogo e sua força pulsante de vida. Tudo é um saco para quem vai buscar a essência das coisas e não as coisas simplesmente. Esta menina que canta e explode meu peito de umidade e mofo. E esta sua boca entreaberta encarando a minha. Por isso o silêncio da samaúma que se transforma em compensado quando tomba. Nem mais uma gota de alcool e nem mais um baseado. Agora somente a paz de um coração tranquilo. A vitória de um viciado em mais uma noite sem usar porra nenhuma. Não te assuste, criança, pois peço socorro. Não te assuste e cuide de mim. Eu que não me submeto mais.
_ Ei...
_ viajei né?
_ filomedusa?
_ ahn ?
_ o nome da banda é filomedusa.

* letras filomedusa


uma gota de suor

seria simples eu dizer vai embora e nunca mais apareça por aqui. A minha vida eu toco só, pois meu caminho é a solidão . O que tem de mau na solidão ? já que ela é uma farsa quando se é 350.
Caminhar quando tudo estagna, fluir quando se está solidificando. Ah !!! o apego, causa de profunda dor. A água parada , o medo de novos caminhos. Andarilho das estrelas, engessado em si mesmo.
digo fica. digo não vai.
congela a alma. cega - me o sol

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

TEM ELEFANTE VOANDO


Por Marina Silva
De Brasília (DF)

Sentados no barranco à beira do rio, dois mineiros pescam tranqüilamente quando passa um elefante voando. Olham, não fazem nenhum comentário e continuam pescando. Decorre um tempinho, lá vem outro elefante voando. Os mineiros olham e continuam pescando. Quando passa o terceiro elefante, um deles diz, apontando a direção de onde vinham: "cumpadre, o ninho deles deve ser prá lá". E o outro responde: "é verdade". E continuam pescando.

Elefantes voando é uma imagem apropriada para o impacto da crise financeira sobre as pessoas de fora do grande mundo da economia e da política global. A tensão reverberada pela mídia, o linguajar hermético, as previsões soturnas, tudo isso indica que algo muito diferente está em curso, mas não sabemos exatamente o quê.

O certo é que nunca vimos os elefantes tão agitados. Coisas muito graves devem estar acontecendo lá no ninho deles e, desconfiamos, em algum momento pagaremos a conta para que se recolham e tudo volte ao normal.

Se os mineiros da história popular não abrem a guarda nem nas situações mais incríveis, também mandam um recado interessante para as atuais circunstâncias: não perder pé da vida real e o domínio do espaço no qual somos alguém e nos relacionamos com as pessoas com base nos nossos valores, amores, habilidades, sonhos, direitos e deveres. Este é o único chão palpável, a partir do qual podemos entender e reagir à lambança dos elefantes, sem nos fragilizarmos pelo pânico.

A dimensão da crise, embora seja impossível fazer previsões sobre sua duração ou capacidade de provocar estragos, além dos já evidentes, é algo que foge aos nossos parâmetros habituais. Escancara mecanismos de poder e vulnerabilidades do sistema, não perceptíveis em tempos de bonança. Temos medo e a certeza de que seremos atingidos pelas decisões dos senhores da economia, embora não saibamos bem quando nem como. Nos assustamos diante da quantidade de dinheiro mobilizada para reequilibrar um sistema financeiro que se mostra cada vez mais o território de grandes delinqüências, a ponto de abalar governos, decidir eleições e virar pelo avesso a vida da população do planeta. E nos sentimos impotentes, tomados pela sensação de nada poder fazer, exceto aguardar pelos acontecimentos.

O fato é que estamos há muito tempo mergulhados na hipertrofia do mercado, cujo avanço sobre praticamente todos os domínios da vida subtraiu da política o papel de espaço público destinado às decisões de cidadãos livres, a respeito de assuntos de interesse coletivo. A submissão da política à economia é um dos fatores do agravamento dos problemas sociais em escala mundial, visto que a lógica do bem público é constantemente subvertida e instrumentalizada pelo interesse mercantil.

O mercado não opera milagres, mas às vezes precisa deles. Como agora, quando expõe o alto grau de mistificação implícito em seus supostos mecanismos de defesa e nas propaladas virtudes da auto-regulação. Neste momento, em que mais se precisa da política, ela se mostra fraca, sem substância, sem representatividade para enquadrar os procedimentos e conluios que desaguaram nesta situação insustentável.

Se existe algo positivo nesta conjuntura é a oportunidade de começar a mudar os parâmetros que têm levado a humanidade a uma rota destrutiva, cujo limite parece ter sido encontrado: a crença no poder auto-regulatório dos comportamentos individuais.

Deveríamos ter nos precavido. Afinal, não é de hoje que os elefantes estão voando.

Marina Silva é professora secundária de História, senadora pelo PT do Acre e ex-ministra do Meio Ambiente.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

o deserto

no meio da explosão de sentimentos enervantes e contraditórios, lágrimas e ranger de dentes: o lampejo da lucidez. Melhor sangrar até a morte do que se congelar em plena vida. Porque é só no deserto que a verdadeira natureza se manifesta.
A experiência desconcertante do si mesmo só acontece quando todas as muletas ficaram para trás. Quando nos encontramos assaltados, de vestes completamente rasgadas e peito aberto numa profunda ferida.
Só depois da verdadeira morte encontramos a plenitude da vida.

de mansinho

somente porque acreditei que você chegaria de mansinho aonde ninguém mais chegou e de mansinho aninharia sua cabeça cansada em meu peito em êxtase até repousar parte de uma vida de noites mal dormidas sonhos desfeitos e grandes ilusões.

sobre nós

os olhos caídos
de uma noite sem dormir
ríspidas respirações
pensamentos desconexos
uma foda rápida suja libertadora

nem o vinho há 4 dias aberto
ousa se beber
os sonhos todos se perdem
no insistente concentimento

o rebelde aquieta se em sua masmorra
amordaçou se a si mesmo
somente lampejos de lucidez
aonde a náusea devora o sossego

só um pouco de dor
misturada com restos de maconha
e restos de um antigo amor
que com insistência sempre fica

a tragédia nesta roda cinza
aonde giram mentiras e ilusões
atropelam esperanças vagas
de uma grande história

que nunca aconteceu

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Por um Estado laico de fato !!! Salve a lei Roaunet !!!

O Senado está a um passo de aprovar um projeto de lei, de autoria do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), sobrinho de Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus) que incluiria as igrejas entre as beneficiárias do Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac). Mais conhecida como "Lei Rouanet", aprovada em 1991 pelo Congresso Nacional, o Pronac permite que empresas invistam em projetos culturais até 4\% do equivalente ao Imposto de Renda devido. O projeto chegou a ser aprovado em caráter terminativo na Comissão de Educação, mas um recurso para que fosse apreciado pelo plenário impediu que seguisse para a Câmara. Uma emenda apresentada pelo senador Sibá Machado (PT-AC) obrigou a volta do texto para a comissão. Ainda precisará ser votado no plenário do Senado e depois ir à Câmara. Como o projeto original fazia referência apenas a “templos”, sem especificar sua natureza, ao estender a eles os benefícios da Lei Rouanet, o senador Sibá considerou necessário acrescentar um adendo. A emenda, que teve o parecer favorável do senador Paulo Paim (PT-RS), foi aprovada pela Comissão de Educação e deixa mais claro que o Pronac poderá ser usado para contemplar não só museus, bibliotecas, arquivos e entidades culturais, como também “templos de qualquer natureza ou credo religioso”. A proposta agora segue novamente para o plenário, onde alguns senadores prometem reagir contra a idéia. Está mais do que na hora de as pessoas envolvidas e/ou preocupadas com a verdadeira cultura em nosso País, reagirem e tomarem uma providência.

http://www.petitiononline.com/cult2007/petition.html