Mataram o Zé
Mataram o Dantas
Mataram o Beto
Mataram o Aldenir
Mataram uma menina com 19 facadas
Quase mataram uma mãe e um filho em um assalto frustrado
Mataram uma geração matando seus sonhos
Mataram meus amigos, grande parte deles
Caminham mortos entre ruas escuras
Com outros mortos que também matam
E morrem e matam
Amigos que enlouquecem pois a dor é imensa
A existência vazia de uma geração roubada
O silêncio revolto dos cadáveres esquecidos
O sinal do descuido nas nossas televisões
O medo na sua forma mais sinistra
O silêncio de uma tentativa tímida de sorriso
As vitrines assassinas um salário assassino
A sombra de uma geração
A bandeira colorida pisoteada
Cores sujas tristes pelas ruas da cidade
No fervor cínico de uma oração
Celebram o tempo da estupidez e da morte
Mataram o Zé
Mataram o Dantas
Mataram o Beto
Mataram o Aldenir
O grito silenciado em todos os nossos corações
O passo veloz paralizado na utopia de um mundo novo
E tudo vira fumaça no meio do ano
Folhas, sonhos, segredos
Meninos, meninas, amigos
Esfumaceia-se o mundo
Sufocamos nós que não ousamos atravessar
Para o outro lado
Nós que sempre ficamos na beira
Na entrada da porta
Nunca ousamos ver o que está lá
Do outro lado
quinta-feira, 10 de julho de 2008
uma homenagem seca
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Um comentário:
É amigão você expressou muito bem o que está acontecendo...
ta sinistro demais, é inacreditável tudo isso...
O texto está maravilhoso, mas a verdade tá doendo.
BEIJOSSS
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