Otima matéria realizada sobre o desafio e a luta destes batalhadores em defesa de nossa cultura. A reportagem foi feita pelo jornalista Ismael Machado para o Diário do Pará.
Veja a matéria.
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Passa pouco das 19h quando a van que transporta aproximadamente 15 pessoas atola numa área invadida pela cheia do rio Beni, a menos de 100 metros do local onde a balsa espera para a travessia. É só depois de meia hora que o veículo consegue ser retirado, embarcado na balsa e seguir viagem pelas estradas bolivianas.
A situação, que mais parece ter saído de um rally, tem sido comum para a equipe do Festcine Amazônia Itinerante, um projeto que ampliou o festival de cinema ambiental, existente há cinco anos em Porto Velho. A idéia agora é levar os vídeos e filmes a comunidades ribeirinhas e pequenos municípios de Rondônia, passar por todas as capitais da região Norte e atravessar fronteiras, indo a Bolívia, Peru, Colômbia e Portugal.No próximo dia 29, a equipe rondoniense chega a Belém. Na aventura itinerante, a primeira escala foi no chamado Baixo Madeira, ao longo do maior afluente à esquerda do rio Amazonas, no barco "Deus é amor". Durante uma semana a equipe percorreu comunidades ribeirinhas exibindo filmes nos distritos de São Carlos, Nazaré, Calama e Demarcação. São comunidades pobres, com uma população que jamais havia ido ao cinema. Em alguns locais, nem energia elétrica havia. Jurandir Costa
"A gente pôde presenciar, registrar e sentir na pele os problemas que os ribeirinhos enfrentam todos os anos como `a cheia' que para eles é natural, e o conseqüente aumento nos problemas de saúde dos moradores destas comunidades por causa da cheia do Rio Madeira", diz Jurandir Costa, um dos coordenadores do Festcine. Videomaker e documentarista há mais de 10 anos, Jurandir é um cearense apaixonado por Rondônia. Ao lado de Carlos Levy e Fernanda Kopanakis, idealizou o festival, que já entrou para o calendário cultural de Porto Velho.
Em Demarcação, choveu durante todo o dia. Mas no momento da exibição dos filmes a lua saiu. O resultado foi praticamente quase toda a população do distrito assistindo aos filmes. Cerca de duas mil pessoas marcaram presença nos quatro distritos. Em todos os locais estão sendo colhidos depoimentos e feitas imagens das comunidades. O material gravado fará parte de um documentário que está sendo produzindo sobre o projeto.
A equipe do Festcine Amazônia prepara um documentário sobre o cinema itinerante
Em Guajará-Mirim, fronteira Brasil-Bolívia, o documentário dinamarquês A Ferrovia do Diabo foi uma das atrações mais aguardadas pelo público do município. Isso porque a história da estrada de ferro está diretamente ligada à estrada de ferro Madeira-Mamoré construída entre 1907 e 1912 para ligar Porto Velho a Guajará-Mirim, no atual estado de Rondônia. "Ficou conhecida à época como a `Ferrovia do Diabo' devido às milhares de mortes de trabalhadores ocorridas durante a sua construção motivadas por doenças tropicais. Reza a lenda que cada um de seus dormentes existia um cadáver", diz Carlos Levy. Carlos Levy
A Ferrovia foi construída para facilitar o transporte de borracha. Em agosto de 1907 a ferrovia foi encampada pelo megaempresário estadunidense Percival Farquhar. O último trecho da ferrovia foi finalmente inaugurado em 30 de abril de 1912, ocasião em que se registrou a chegada da primeira composição à cidade de Guajará-Mirim, fundada nessa mesma data. Já do outro lado da fronteira, a equipe enfrentou diversos contratempos. Cheias de rio, barreiras policiais e estradas de terra foram comuns. Em Guayaramerin, primeira parada, foram exibidas produções brasileiras com legendas em espanhol no Palácio Del La Cultura. Fernanda Kopanakis
Fernanda Kopanakis"Esta ação cultural é uma tentativa de aproximação das culturas brasileira e boliviana. Poderíamos manter mais contatos com nossos irmãos bolivianos, pois esta integração é necessária para ajudar a encontrar soluções e resolver nossos problemas de fronteira", disse Fernanda Kopanakis.
No dia 6 de abril, um domingo, a equipe chegou até Cachuela Esperanza, eleita patrimônio mundial da humanidade. É uma cidade construída para atender aos anseios do empresário Nicolas Suarez, produtor de borracha e que foi um dos homens mais poderosos da história recente boliviana. Atualmente a cidade vive mais das lembranças de seu passado e enfrenta dificuldades para sobreviver.
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Passa pouco das 19h quando a van que transporta aproximadamente 15 pessoas atola numa área invadida pela cheia do rio Beni, a menos de 100 metros do local onde a balsa espera para a travessia. É só depois de meia hora que o veículo consegue ser retirado, embarcado na balsa e seguir viagem pelas estradas bolivianas.
A situação, que mais parece ter saído de um rally, tem sido comum para a equipe do Festcine Amazônia Itinerante, um projeto que ampliou o festival de cinema ambiental, existente há cinco anos em Porto Velho. A idéia agora é levar os vídeos e filmes a comunidades ribeirinhas e pequenos municípios de Rondônia, passar por todas as capitais da região Norte e atravessar fronteiras, indo a Bolívia, Peru, Colômbia e Portugal.No próximo dia 29, a equipe rondoniense chega a Belém. Na aventura itinerante, a primeira escala foi no chamado Baixo Madeira, ao longo do maior afluente à esquerda do rio Amazonas, no barco "Deus é amor". Durante uma semana a equipe percorreu comunidades ribeirinhas exibindo filmes nos distritos de São Carlos, Nazaré, Calama e Demarcação. São comunidades pobres, com uma população que jamais havia ido ao cinema. Em alguns locais, nem energia elétrica havia. Jurandir Costa
"A gente pôde presenciar, registrar e sentir na pele os problemas que os ribeirinhos enfrentam todos os anos como `a cheia' que para eles é natural, e o conseqüente aumento nos problemas de saúde dos moradores destas comunidades por causa da cheia do Rio Madeira", diz Jurandir Costa, um dos coordenadores do Festcine. Videomaker e documentarista há mais de 10 anos, Jurandir é um cearense apaixonado por Rondônia. Ao lado de Carlos Levy e Fernanda Kopanakis, idealizou o festival, que já entrou para o calendário cultural de Porto Velho.
Em Demarcação, choveu durante todo o dia. Mas no momento da exibição dos filmes a lua saiu. O resultado foi praticamente quase toda a população do distrito assistindo aos filmes. Cerca de duas mil pessoas marcaram presença nos quatro distritos. Em todos os locais estão sendo colhidos depoimentos e feitas imagens das comunidades. O material gravado fará parte de um documentário que está sendo produzindo sobre o projeto.
A equipe do Festcine Amazônia prepara um documentário sobre o cinema itinerante
Em Guajará-Mirim, fronteira Brasil-Bolívia, o documentário dinamarquês A Ferrovia do Diabo foi uma das atrações mais aguardadas pelo público do município. Isso porque a história da estrada de ferro está diretamente ligada à estrada de ferro Madeira-Mamoré construída entre 1907 e 1912 para ligar Porto Velho a Guajará-Mirim, no atual estado de Rondônia. "Ficou conhecida à época como a `Ferrovia do Diabo' devido às milhares de mortes de trabalhadores ocorridas durante a sua construção motivadas por doenças tropicais. Reza a lenda que cada um de seus dormentes existia um cadáver", diz Carlos Levy. Carlos Levy
A Ferrovia foi construída para facilitar o transporte de borracha. Em agosto de 1907 a ferrovia foi encampada pelo megaempresário estadunidense Percival Farquhar. O último trecho da ferrovia foi finalmente inaugurado em 30 de abril de 1912, ocasião em que se registrou a chegada da primeira composição à cidade de Guajará-Mirim, fundada nessa mesma data. Já do outro lado da fronteira, a equipe enfrentou diversos contratempos. Cheias de rio, barreiras policiais e estradas de terra foram comuns. Em Guayaramerin, primeira parada, foram exibidas produções brasileiras com legendas em espanhol no Palácio Del La Cultura. Fernanda Kopanakis
Fernanda Kopanakis"Esta ação cultural é uma tentativa de aproximação das culturas brasileira e boliviana. Poderíamos manter mais contatos com nossos irmãos bolivianos, pois esta integração é necessária para ajudar a encontrar soluções e resolver nossos problemas de fronteira", disse Fernanda Kopanakis.
No dia 6 de abril, um domingo, a equipe chegou até Cachuela Esperanza, eleita patrimônio mundial da humanidade. É uma cidade construída para atender aos anseios do empresário Nicolas Suarez, produtor de borracha e que foi um dos homens mais poderosos da história recente boliviana. Atualmente a cidade vive mais das lembranças de seu passado e enfrenta dificuldades para sobreviver.
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